fb

Business content

4 min de leitura

As estratégias de sobrevivência no mundo pós-pandêmico

Estudo da Accenture aponta 12 intervenções necessárias para as empresas construírem uma posição de destaque nos próximos anos

Paulo César Teixeira

14 de Dezembro

Compartilhar:
Artigo As estratégias de sobrevivência no mundo pós-pandêmico

Os últimos dois anos representaram uma ruptura sem precedentes no mundo corporativo. Muitas empresas foram obrigadas a paralisar as atividades, enquanto outras assistiram a uma transformação radical de suas estruturas em razão da atual pandemia.

A boa notícia é que um contingente considerável de organizações não apenas sobreviveu aos tempos difíceis como vem apresentando uma recuperação promissora. É para essas companhias que se dirigiu o olhar do estudo Para Além de 2021, lançado em novembro pela Accenture. O objetivo foi compreender como elas não só retomaram suas posições anteriores à crise sanitária, como ainda avançaram algumas posições.

Antes de tudo, o levantamento da Accenture mostrou que, durante a pandemia, foi observada uma disparidade significativa entre crescimento da capitalização de mercado e da receita das empresas.

grafico accenture growth

A rigor, para muitas companhias da Ásia-Pacífico, América Latina, Oriente Médio e África do Sul (objetos da pesquisa), o fenômeno já vinha sendo observado entre 2017 e 2019. Mas a eclosão da pandemia acelerou drasticamente essa divergência, impulsionando o crescimento da capitalização de mercado a uma velocidade quase quatro vezes maior em comparação à expansão da receita.

Em alguns casos, essa falta de sincronia acendeu um sinal de alerta – afinal, quanto maior a discrepância e quanto mais tempo ela perdurar, maior será o risco que as empresas deverão correr nos próximos anos. A análise preliminar sobre o descasamento entre quanto as empresas valem no mercado e quanto geram de receita foi insuficiente para os analistas. Eles passaram a avaliar o que fizeram algumas companhias que perceberam a discrepância com antecedência e adotaram medidas para solucionar o impasse, tomando um rumo certo.

Melhorando o modelo de negócio

À primeira vista, as empresas bem-sucedidas durante a crise sanitária pareciam ter apenas adotado medidas conhecidas, como redução de custos e busca de novas maneiras de operar, além de foco nas oportunidades de mercado e inovação para abrir novos caminhos.

Mas, ao aprofundar a análise, ficou constatado que elas assumiram uma agenda de mudanças que fez toda a diferença. As empresas priorizaram temas como redução de impacto ambiental e social, capacitação dos funcionários, bem-estar do cliente e novas bases de negócios. Em outras palavras, elas se comprometeram com práticas sustentáveis, transparentes e éticas.

Para isso, investiram em equipes inteligentes, inovação e inteligência artificial em larga escala. Igualmente, investiram em comércio digital confiável, além de oferecer experiências seguras e soluções personalizadas aos clientes. Por fim, criaram modelos de negócio a partir de novas bases (tecnologia, ativos, parcerias etc.).

RICE: 4 prioridades de mudança

Após analisar os cases de sucesso, a Accenture propôs quatro prioridades para as empresas do futuro, as quais estão sintetizadas na sigla RICE (Responsabilidade, Inteligência, Customização e Escala). Veja, a seguir, as 12 intervenções necessárias para se construir, de maneira inteligente, uma posição de destaque no mundo pós-pandêmico.

Responsabilidade

  • Sustentável – Adoção de práticas que fortaleçam a gestão ambiental. Exemplo: aproximação da manufatura e do ponto de consumo final.

  • Transparente – Criação de transparência de processos com stakeholders externos. Exemplo: permissão para que consumidores rastreiem a origem dos bens que estão comprando.

  • Ético – Condução de negócios com base em um forte código de ética. Exemplo: assegurar condições de trabalho decentes para os funcionários dos principais fornecedores.

Inteligência

  • Equipe inteligente – Capacitação de uma força de trabalho especializada para tomar decisões mais inteligentes e rápidas. Exemplo: cientistas de dados colaborando com as equipes sempre que necessário.

  • Inovação inteligente – Uso de tecnologias avançadas para impulsionar a inovação de produtos e serviços e para alcançar maior velocidade para o mercado. Exemplo: intensificação do uso de automação e processos digitais.

  • Inteligência artificial em escala – Combinação de dados da mais alta qualidade com análises e recursos de IA para impulsionar mudanças oportunas. Exemplo: detecção precoce de produtos com defeito.

Customização

  • Comércio confiável – Ativos físicos atraentes para atender às necessidades dos clientes. Exemplo: Curbside Pickup (modalidade em que os clientes compram pela internet e retiram o produto no local indicado pelo vendedor), entrega de produto no mesmo dia e operações sem contato.

  • Experiências seguras – Proteção aprimorada em todos os pontos de contato do cliente. Exemplo: aplicação de cibersegurança para proteção de privacidade e dados pessoais.

  • Soluções personalizadas – Criação de soluções que atendam às necessidades físicas, mentais e relacionais dos clientes. Exemplo: produtos de seguro personalizados para idosos.

Escala

  • Novas bases de tecnologia – Uso de tecnologias modernas para potencializar as oportunidades de crescimento. Exemplo: utilização da nuvem para lançamento de novos produtos e serviços.

  • Novos ativos escalonáveis – Investimento em novos ativos proprietários escalonáveis. Exemplo: fabricantes de automóveis que produzem baterias próprias para veículos elétricos.

  • Novas parcerias – Compromisso com novos parceiros do ecossistema com base em valores compartilhados. Exemplo: companhias aéreas e fazendas verticais (que cultivam plantas em ambientes fechados, sob condições ambientais controladas) unem forças para entregar refeições saudáveis durante o voo.

O Fórum: Pensamento Digital é uma coprodução de MIT Sloan Review Brasil e Accenture.

Compartilhar:

Autoria

Paulo César Teixeira

É colaborador MIT Sloan Review Brasil.

Artigos relacionados

Imagem de capa Os impactos da lei que determina o combate à ilegalidade e à desinformação pelas big techs na UE

Gestão da tecnologia

12 Janeiro | 2023

Os impactos da lei que determina o combate à ilegalidade e à desinformação pelas big techs na UE

Em entrevista, advogado André Giacchetta explica os impactos das novas regras na União Europeia – e os reflexos da lei no Brasil

Paulo César Teixeira

5 min de leitura

Imagem de capa Customização em massa vira a chave para a indústria

Tecnologia e inovação

26 Abril | 2022

Customização em massa vira a chave para a indústria

Sua empresa também pode aproveitar essa tendência para promover a fidelização do cliente; o diretor de desenvolvimento de negócios Pollux, Ricardo Gonçalves, dá as principais diretrizes em entrevista exclusiva

Rodrigo Oliveira

7 min de leitura

Imagem de capa Modernização de aplicações: como acelerar a transformação digital?

Business content

31 Março | 2022

Modernização de aplicações: como acelerar a transformação digital?

O modelo de negócio deve ser repensado para se obter o melhor de um programa de modernização, que deve ser realizado de forma progressiva, balanceada e orientada

Renata Proença

3 min de leitura

Imagem de capa Open insurance no Brasil: o que sabemos até agora

Inovação

29 Março | 2022

Open insurance no Brasil: o que sabemos até agora

A atual agenda de open insurance promete um mercado de seguros com flexibilidade e preços mais baixos. Conheça os desafios e as oportunidades do novo sistema

Rodrigo Oliveira

5 min de leitura

Imagem de capa Karen Abe, da Accenture: “open insurance muda as regras do jogo”

Inovação

22 Março | 2022

Karen Abe, da Accenture: “open insurance muda as regras do jogo”

Diretora da Accenture para Indústria de Seguros no Brasil diz que, nesse mercado, “o consumidor, quer um produto realmente personalizado”

Rodrigo Oliveira

5 min de leitura

Imagem de capa Atendimento cognitivo: de onde viemos e para onde vamos

Business content

18 Março | 2022

Atendimento cognitivo: de onde viemos e para onde vamos

Em nome das experiências sem ruído, os negócios incorporam chatbots em seus atendimentos. Mas eles precisam de equipes preparadas para lidar com modelos estatísticos, algoritmos de IA, NLP e ciência de dados

Claudia Nolla Kirszberg

7 min de leitura