fb

Tecnologia e inovação

5 min de leitura

Data centers: um mercado de US$ 200 bilhões só em 2021

Gastos do usuário final com infraestrutura global de data center devem crescer 6% em comparação a 2020, com planos de expansão subindo até 2024

Rafael Gonçalves

25 de Maio

Compartilhar:
Artigo Data centers: um mercado de US$ 200 bilhões só em 2021

Capacidade de processamento, acessibilidade, segurança, alta disponibilidade, integrações, mobilidade. Features comuns, necessárias ao mundo em mudança e em plena transformação para uma realidade de trabalho híbrido, devem continuar crescendo exponencialmente pelos próximos quatro anos, como aponta uma pesquisa da Gartner.

Mesmo com o declínio de 10% em 2020, ano em que a prioridade passou a ser rodar bem o que já estava funcionando, as empresas de hiperescala continuam seus planos de expansão global normalmente pensando em nuvens públicas, explica Naveen Mishra, diretor de pesquisas sênior da Gartner.

Tal desaceleração, em razão da pandemia, no entanto, não é um alerta para que os investimentos deixem de ser feitos. Ao contrário: gestores de infraestrutura devem priorizar três oportunidades neste período.

  • Trabalhe otimização e controle de custos – força de vendas, áreas de finanças e compras devem se engajar em iniciativas como renegociação de contratos de TI, otimização de custos de nuvem e consolidação de TI, preparando o terreno para futuros crescimentos e mudanças.

  • Invista em conhecimento - elabore manuais que ajudem os provedores de tecnologia a entender o impacto da covid-19 em uma gama de setores diferentes para, então, recomendar itens de ação de curto a médio prazo e desenvolver outras soluções.

  • Repense modelos - investir em um novo modelo go-to-market para nativos digitais para impulsionar a inovação. Crie impulso em torno de tecnologias híbridas e preços baseados no consumo para melhorar o compartilhamento de ideias com esse público.

Relevância em alta

O Data Center World, evento anual sobre o assunto, revelou dados interessantes em seu relatório anual State of the Data Center Report. A gestão da infraestrurura deixou de ser uma parte de um software, mas ganhou relevância de uma prática consolidada – resposta ao momento de crise e trabalho forçado à distância resultantes da pandemia da covid-19. Os dados são criticamente relevantes:

  • 77% dos entrevistados preveem que a gestão da infraestrutura será cada vez mais integrada com virtualização e soluções de nuvem, sendo que 27% já estão vendo isso ocorrer.

  • 73%, por sua vez, estão mais propensos a gastar com segurança, uma quantidade 9 pontos percentuais acima do resultado de 2019.

Pela primeira vez no histórico do relatório, profissionais do setor sugerem que a construção, a renovação e o gerenciamento do data center dão sinais de estagnação. Em vez disso, os líderes estão aproveitando o espaço de que já dispõem para aumentar a densidade e melhorar as operações, fazendo com que a gestão do data center seja mais inteligência e interligada à estratégia empresarial.

De acordo com o questionário, o número médio de data centers em todos os locais está entre duas e três instalações, quantidade bem abaixo dos 12 instalados em 2019. Além disso, a média de um a dois centros de dados serão renovados ou expandidos nos próximos 12 a 36 meses, abaixo dos quatro em 2019.

Combustíveis da nova economia

Uma vez que aplicações e dados são cada vez mais fundamentais para tomadas de decisão e o futuro dos negócios, serviços digitais geram oportunidades, desafios e transformações. Nos últimos anos, vimos empresas canalizando investimentos em tecnologia para acomodar temas como cloud, mobilidade, big data/analytics, edge computing e internet das coisas (IoT).

“Essa corrida desencadeou um movimento necessário para ajuste na camada de infraestrutura, de forma a suportar dados e aplicações que, cada vez mais, transitam entre nuvens públicas e privadas, além de ambientes locais”, explica Gerardo Toussaint, líder de vendas regionais da Cisco.

A Cisco entende ser imperativo que os negócios adotem uma abordagem holística para o futuro, apoiada na tríade automação, segurança e multicloud. Para isso, o data center deve ser confiável e estar onde os negócios acontecem, fornecendo agilidade, proteção e colaboração.

O executivo aponta que três questões estruturais precisam ser abordadas para suportar o crescimento, tanto da capacidade de processamento quanto, consequentemente, da entrega de resultado das organizações: “reduzir a complexidade do ambiente tecnológico e manter o gerenciamento dentro de níveis aceitáveis a longo prazo, dentro de uma abordagem sistemática; garantir uma postura de melhoria contínua da experiência do usuário por meio de aplicativos; e otimizar recursos constantemente e maximizar a capacidade de investimento”.

Mundo remoto pós-pandemia

Gerardo Toussaint reforça três esferas da vida pública em que a tecnologia já impulsionou a produtividade remota, mas, provavelmente, tornou-se tão orgânico que sequer percebemos: na saúde, com projetos de telemedicina que escalaram rapidamente, com segurança e efetividade; na educação, garantindo diversas experiências completas de ensino remoto com interatividade; e no governo, com a rápida transformação e adaptabilidade de serviços públicos, de maneira simples e dinâmica.

O apego aos antigos modelos pode ser um importante obstáculo para a continuidade da escalada tecnológica. Paulo Castello, CEO e fundador da Fhinck, concorda. “Devido à pandemia, burocracias, leis e protocolos foram relacionados, de maneira impositiva, à velocidade da transmissão do vírus. E isso abriu as portas para colocar as transformações dessa década numa velocidade sobrenatural. Em outras palavras, apertem os cintos, pois estamos entrando em velocidade supersônica.”

Paulo lembra, também, que a digitalização nos compra horas. Se já falamos sobre saúde, educação e poder público, o executivo, aqui, lembra que até para as vendas algumas coisas são mais simples: “se um vendedor fazia duas visitas ou reuniões a clientes em um dia. No pós-covid-19, o mesmo vendedor faz cinco a seis”.

Dispersão do físico

Segundo o estudo Fjord Trends 2021, o distanciamento social seguirá ainda por tempo indeterminado, uma vez que as práticas acima, em todos os âmbitos, devem se cristalizar como prática. A aproximação e aceleração dos relacionamentos virtuais fez com que as organizações e marcas tenham a oportunidade de criar e aprimorar ferramentas e soluções de coleta e uso de dados.

Dados hierarquizados e não estruturados, ideais para insights, necessariamente terão que receber um outro nível de atenção das organizações. A leitura da experiência e dos rastros em rede dos clientes, além da hiperpersonalização de serviços e produtos, obrigatoriamente, passam por uma infraestrutura robusta, conectada, e com funcionalidades que possam processar dados e apontar caminhos para os negócios.

Saiba mais sobre o futuro do trabalho no Fórum Trabalho Híbrido.

Compartilhar:

Autoria

Rafael Gonçalves

Editor de conteúdos customizados para MIT Sloan Review Brasil, radialista, jornalista e professor universitário, especialista em comunicação corporativa, mestre em comunicação e inovação e doutorando em processos comunicacionais. Desde 2008, atua em agências, consultorias de comunicação e gestão para grandes empresas e em multinacionais.

Artigos relacionados

Imagem de capa Aceite as limitações dos LLMsAssinante

Tecnologia e inovação

19 Dezembro | 2023

Aceite as limitações dos LLMs

Superestimar a capacidade dos grandes modelos de linguagem, como o ChatGPT, pode levar a resultados pouco confiáveis. Para lidar melhor com eles, é importante entender primeiro como funcionam

Mikhail Burtsev, Martin Reeves e Adam Job
Imagem de capa Open source contra os hackers da IA generativaAssinante

Tecnologia e inovação

19 Dezembro | 2023

Open source contra os hackers da IA generativa

A contratação de serviços de inteligência artificial pode expor seus dados e deixar sua empresa nas mãos das big techs. Mas existem alternativas. Estamos vivendo o início de uma fase semelhante à que deu origem ao Linux nos anos 1990, quando desenvolvedores do mundo todo se dedicaram a enfrentar os desafios da nova tecnologia com soluções de código aberto, disponíveis para todos – e veja cinco modos de administrar os respectivos

Aron Culotta e Nicholas Mattei
Imagem de capa Como aplicar IA generativa na inovação corporativaAssinante

Tecnologia e inovação

17 Dezembro | 2023

Como aplicar IA generativa na inovação corporativa

A nova tecnologia pode trazer eficiência e criatividade para a inovação em grandes empresas. Uma pesquisa recente mostra a realidade brasileira, os estágios de adoção em diversos setores, as oportunidades no horizonte e as barreiras de adoção

Maximiliano Carlomagno e Felipe Scherer
Imagem de capa Gestão pública 4.0: tecnologia para atender as demandas dos cidadãos

Tecnologia e inovação

15 Novembro | 2023

Gestão pública 4.0: tecnologia para atender as demandas dos cidadãos

A transformação digital pode ajudar na revolução da gestão municipal, melhorando a eficiência das instituições e fortalecendo a participação cidadã e a prestação de serviços mais ágeis, a partir dos aplicativos governamentais multiplataformas

Ana Debiazi e Aryana Valcanaia

2 min de leitura