fb

Fórum: Data Science - Coprodução MITSMR + SAS

6 min de leitura

Os desafios do mercado de analytics no Brasil

O country manager do SAS no Brasil, André Novo, faz uma análise do mercado nacional de analytics em entrevista exclusiva

Denise Turco

01 de Junho

Compartilhar:
Artigo Os desafios do mercado de analytics no Brasil

Com a evolução da tecnologia e a transformação digital, embarcamos em uma nova era na qual não basta ter informações disponíveis. O desafio é extrair inteligência dos dados – vindos de diversas fontes e com diferentes formatos – para gerar vantagem competitiva. O Brasil não ficou para trás nesse aspecto e, hoje, o analytics ocupa um espaço cada vez maior nas empresas como ferramenta estratégica de negócios.

É por isso que o SAS, especialista em analytics, enxerga potencial de crescimento no mercado nacional. Em entrevista à MIT Sloan Review Brasil, André Novo, que recentemente passou a ocupar a posição de country manager do SAS no Brasil, faz uma análise do mercado nacional de analytics, fala sobre os desafios no cargo e dos investimentos da companhia no país.

Formado em meteorologia e informática, ele iniciou sua trajetória profissional com um perfil mais técnico, como programador e analista de desenvolvimento, mas decidiu dar uma guinada para a área de vendas. No SAS há 13 anos, pavimentou sua carreira como vendedor, depois gerente de vendas e, em seguida, diretor de vendas. Em dezembro de 2021, abraçou um desafio maior como country manager. Confira a entrevista.

MIT: Qual é a sua visão sobre o mercado nacional de analytics?

André Novo: Considerando o mercado como um todo, estamos em um estágio bastante satisfatório de evolução de analytics no Brasil. De acordo com o estudo IDC Predictions, estima-se que este ano serão destinados US$ 2,9 bilhões a soluções e serviços relacionados a big data e analytics no Brasil, um aumento de 10,8% em relação a 2021. Esse mercado tem se expandido bastante, porque cada vez mais as empresas entendem a importância de fazer um estudo sobre os dados para extrair os insights e a inteligência.

Durante alguns anos, utilizou-se muito a expressão big data porque num primeiro momento a preocupação das empresas era só a captação de um volume grande de dados. Hoje o foco é pegar os dados, analisá-los e extrair o que é relevante e o que não é, e quais informações ajudarão a tomar melhores decisões.

Hoje também há muitas novidades que envolvem, por exemplo, machine learning e inteligência artificial – o que não significa apenas ter um bot respondendo pela empresa. Ainda tem muito a ser feito nessas duas áreas e as empresas estão começando a investir nisso agora.

E quais são os desafios e as oportunidades que as organizações precisam ficar atentas para usar analytics e, assim, melhorar os resultados?

O principal ponto que vemos no mercado – e foi o que aconteceu durante a pandemia –, é ter a capacidade para tomar decisões inteligentes e dar respostas rápidas a partir de uma análise de dados bem feita. Vemos isso em todas as áreas – no setor de bancos, por exemplo, para fazer análise de risco ou análise de crédito; e no segmento de seguradoras para fazer uma precificação personalizada.

Falando agora sobre sua nova posição no SAS, quais são seus principais desafios como country manager da empresa no Brasil?

O SAS não divulga resultados, ainda somos uma empresa de capital fechado. Mas posso dizer que nos últimos dois anos a empresa tem crescido no Brasil, apesar da pandemia e de todas as dificuldades. O principal desafio é manter esse crescimento e buscar novas formas de gerar receitas. O que me faz ter confiança de que vamos conseguir fazer isso? Conheço bem a estrutura do SAS, uma empresa que investe parte importante da receita em pesquisa e desenvolvimento, e os colaboradores, porque muitos trabalham na companhia há bastante tempo. Não estamos fazendo uma quebra de estrutura, mas dando continuidade ao trabalho que vinha sendo feito.

O Brasil é um dos principais mercados do SAS nas Américas. Poderia nos dar um panorama da estrutura da empresa no país e como pretende dar continuidade aos resultados?

A empresa, obviamente, tem um número bastante significativo nos Estados Unidos. No Canadá também tem uma base grande e consolidada. O Brasil, dependendo do ano ou da métrica utilizada, é o segundo ou terceiro mercado das Américas. Aqui trabalhamos com todo o ferramental analítico, mas tem três pilares principais de atuação: prevenção à fraude, análise de riscos e customer intelligence ou CRM, relacionamento com clientes.

Em relação às indústrias com as quais trabalhamos no Brasil, em primeiro lugar está o segmento financeiro, que, além dos bancos, inclui empresas de serviços financeiros e seguradoras. O segundo é o de telecomunicações, seguido pelo segmento de governo, que vem crescendo de forma bem significativa. Atendemos também o varejo e passaremos a atuar de maneira mais forte na área de manufatura.

Além disso, investiremos em setores que antes não eram nosso foco com o objetivo de trazer novos resultados: public safety, que é segurança pública tanto no nível local quanto nacional, e transportation, na qual o SAS tem bastante experiência lá fora e está começando a criar toda uma estrutura no Brasil.

Em 2022 temos um cenário desafiador com várias dificuldades no âmbito da economia, os efeitos da pandemia e a expectativa do resultado das eleições em outubro. Além disso, temos o impacto dos acontecimentos globais como a guerra entre Rússia e Ucrânia e a Copa do Mundo. Neste contexto, quais são as estratégias da empresa para este ano no Brasil?

Nossa principal estratégia é acelerar o que for possível em termos de decisões e concretização de negócios. O desafio é, além de trazer os números, conseguir fazer um ano de 12 meses caber em nove. Por quê? A guerra é um problema gravíssimo para o mundo inteiro e acaba gerando como subproduto a inflação, mas acredito que teremos efeitos locais mais relacionados com a eleição e a Copa do Mundo. Todo o momento pré-eleição traz risco de oscilações econômicas, que podem não impactar diretamente a operação do SAS, mas afetam as decisões dos nossos clientes. Então, alguns projetos podem ser colocados em pausa até que o cenário se defina melhor. Em relação à Copa do Mundo, já sabemos que os três primeiros jogos do Brasil caem em dia de semana e, portanto, deve ocorrer uma paralisação nesses dias. A preocupação é conseguir andar com todos os projetos de forma acelerada. Não vamos desprezar o último trimestre, mas será um período mais para arrematar o ano.

Olhando para o futuro, quais são as principais tendências em analytics que devem impactar a estratégia e a gestão das organizações?

A chamada hiperpersonalização é um ponto importante. Cada vez mais as pessoas querem que seus fornecedores, como bancos e empresas de varejo, ofereçam soluções personalizadas. A hiperpersonalização significa ter o máximo de informação para entender o que o cliente quer e oferecer algo específico para ele, em vez de fazer uma oferta massiva que atenda a um grupo grande de pessoas.

Outra tendência está relacionada à machine learning e inteligência artificial, conceitos dos quais falamos bastante atualmente, mas que são antigos. O que mudou do passado para agora é que hoje se tem uma capacidade computacional que permite desenvolver soluções de forma mais efetiva e barata. Eu diria que esses caminhos são os mais importantes para pensarmos o futuro.

Compartilhar:

Autoria

Denise Turco

Denise Turco é colaboradora da MIT Sloan Review Brasil