fb

Insights

5 min de leitura

Soft skills do futuro para o profissional do agora

Tecnologias preditivas, o crescimento de novas competências e profissões, além de uma série de mudanças sociais, culturais e de hábitos individuais, reconfiguram a noção de carreira e de habilidades relacionadas ao comportamento humano

Lucedile Antunes e André Dratovsky

18 de Novembro

Compartilhar:
Artigo  Soft skills do futuro para o profissional do agora

Estamos vivendo uma era de muitos avanços tecnológicos, que vão exigir novas capacidades para profissionais e empresas. A aplicação de ferramentas e soluções de inteligência artificial impacta e irá mudanças ainda mais expressivas para milhões de indivíduos, carreiras e milhares de negócios. Em síntese, de hoje para o futuro, será cada vez mais comum nos depararmos com máquinas inteligentes, com capacidade de aprender, raciocinar e decidir sozinhas.

Não é segredo para muitas pessoas que, segundo a International Association of Artificial Inteligence, os robôs já são capazes de compreender o contexto e extrair informações relevantes de uma conversa, planejar e otimizar, falar, interagir e responder adequadamente a um problema gerando frases e histórias, reconhecer um objeto, negociar, aprender padrões e seguir regras estabelecidas.

Nesse contexto, um mundo em transformação nos exige muita abertura ao desconhecido, para lidar com o não vivido. E isso nos desafia a dar novos contornos a diversas soft skills que nos serão fortemente exigidas, as competências essenciais para os novos tempos e habilidades do futuro para o profissional do agora.

Se pegarmos os últimos dez anos, o mundo mudou muito, imagina daqui para a frente. Quem vai fazer a diferença são aqueles profissionais que desenvolverem habilidades intrinsecamente humanas, as chamadas soft skills, e entender isso é essencial para se reinventar. Pensar além de diversas fronteiras e especificações, agora, é mais do necessário.

Redesenhar carreiras

O modelo clássico de carreira e evolução profissional que você conheceu está terminando e, à medida que as inovações avançam, esse formato de carreira e vida vai se redesenhando. A carreira linear, originada de um pensamento industrial, na qual o conceito trazido se pautava em primeiro fazer a sua obrigação e depois vem o descanso, foi traduzida por anos e anos, como a mentalidade ideal de carreira; ou seja, você sai da faculdade, entra como estagiário e vai galgando novos cargos até chegar ao topo. Depois se aposenta para então poder desfrutar do que angariou.

Hoje, o modelo de carreira passa a ser muito mais integral. É pautado no pensamento da era digital, no qual você pode fazer várias coisas ao mesmo tempo. A vida não é só trabalhar ou só relaxar, mas, fazer intersecções saudáveis equilibrando o trabalho com maior liberdade nas rotinas e entregando resultados, visar à saúde, à vida pessoal, aos estudos. Em outras palavras, construir uma carreira hoje consiste em integrar mais as diversas áreas da vida e interesses, buscando o equilíbrio e a felicidade.

Com o aumento da expectativa de vida e da longevidade, principalmente ocasionado pelos avanços da medicina e da obstinação altamente positiva em se ter uma vida saudável, o profissional agora irá construir sua carreira de uma maneira completamente diferente, baseada nas suas habilidades pessoais e não necessariamente fundamentado na sua área de estudo e nas hard skills. Muito provavelmente ele terá de seis a oito carreiras na vida.

Na esteira dessa mudança, é preciso olhar um pouco para o passado e ver que Alvin Toffler, escritor e futurista norte-americano, autor do best-seller A terceira onda, nos preparou para a realidade atual quando escreveu que o analfabeto do século 21 não será aquele que não conseguir ler e escrever, mas, aquele que não aprender a desaprender para reaprender.

De acordo com o Fórum Econômico Mundial, 65% das crianças de hoje vão trabalhar em atividades que ainda nem existem. Segundo estudos recentes da Deloitte, 80% das pessoas não têm as habilidades necessárias para 60% dos empregos dos próximos cinco anos.

Criativos, empreendedores e resilientes

Sim, essa é a cara da nova geração. Como preparar esses talentos e trazer as soft skills do futuro para dentro do contexto deles? Uma coisa é certa: qualificar pessoas é verdadeiramente olhar para o futuro e acompanhar as mudanças pelas quais passam o mercado de trabalho. A aquisição de habilidades não será mais um processo com fim, é o meio.

Neste momento, o mundo todo acompanha a COP26 que está comprometida em rever as políticas ambientais e propor novas formas de proteger e melhorar o ecossistema. Ao mesmo tempo, suscita e reforça a necessidade da qualificação de pessoas com novas habilidades justamente para pensar e executar essas metas de forma inovadora, garantindo um futuro próspero para todos.

Veja como tudo está interligado, educação profissional, meio ambiente e pessoas – este último o ator principal de todo o processo. De um lado, temos a incongruência do desequilíbrio entre a alta demanda de ofertas de vagas no mercado; do outro, a falta de mão de obra qualificada para ocupá-las. Nesse contexto, encontramos jovens destemidos, porém pouco preparados para os novos desafios. Calma lá, isso é um bom problema para se ter.

O mercado está aquecido, sedento por determinadas especificações, mas precisa de pessoas qualificadas. É certo que as empresas têm uma boa participação nisso, ao passo que compreendem o imenso potencial de investimento e impacto social que representa investir em educação profissional (soft skills), treinamentos e qualificação.

Estudo realizado pelo Adecco Group e pela The Boston Consulting Group chamado Future-Proofing the Workforce estimou que as empresas poderiam economizar até US$ 136 mil por colaborador, ao investir em requalificação e realocação, ao invés de demitir e recontratar alguém mais qualificado ou preparado para a transição.

A educação profissional, que visa o desenvolvimento humano antes de emprego e renda, não pode ser vista sob a ótica de custo e sim um investimento contínuo e sustentável na direção do futuro. O que te trouxe até aqui não necessariamente te levará daqui para frente, e isso é preciso estar na nova mentalidade que se espera. Desse modo, vamos em frente, temos muito ainda que fazer rumo à construção da nova economia.

Compartilhar:

Autoria

Lucedile Antunes e André Dratovsky

Lucedile Antunes é especialista em soft skills, mentora, palestrante e fundadora da L. Antunes Consultoria & Coaching, autora dos livros Soft Skills: competências essenciais para os novos tempos e Habilidades do futuro para o profissional do agora.

André Dratovsky é CEO e fundador da Elleve, fintech de financiamento estudantil. É formado em administração de empresas pela ESPM.

Artigos relacionados

Imagem de capa Um projeto no e-commerce – e seu aprendizadoAssinante

Insights

02 Outubro | 2023

Um projeto no e-commerce – e seu aprendizado

Conheça a jornada tropicalizada da construção de uma solução de personal shopper que busca unir escalabilidade com personalização do atendimento

André Assis
Imagem de capa No coração do agro, ela quer ser polo de economia verdeAssinante

Insights

30 Junho | 2023

No coração do agro, ela quer ser polo de economia verde

Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, lança uma série de iniciativas para se tornar referência internacional em sustentabilidade

Paulo Renato Ardenghi