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As habilidades do futuro e a virada do ano

Se durante 2019 inteiro você não teve “tempo” para pensar no que é realmente importante em termos de carreira daqui para a frente, aproveite o momento das reflexões. Aqui vai um resumo e um lembrete

Colunista Luís Rasquilha

Luís Rasquilha

20 de Dezembro

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Artigo As habilidades do futuro e a virada do ano

Sem querer ser simplista, mas gostando de simplificar a realidade, podemos resumir a evolução do mundo, da sociedade e dos negócios em três grandes momentos, através da lente era vs. fonte de poder. Assim:

1ª grande era – Era agrícola (até séc. 19)

Este era o momento onde quem detinha a terra detinha o poder, pois permitia-se definir o que e quando seria produzido. Esta era dividiu a sociedade entre os Aristocratas e os Plebeus.

Estes eram tempos em que pouca educação/formação era necessária (eventualmente inexistente) pois apenas se repetia a produção agrícola já inventada alguns séculos antes e com a ausência de concorrência (no conceito que o conhecemos hoje) não existia a pressão do negócio como o vivemos atualmente.

2ª grande era – Era industrial (séc. 20 e início do séc. 21)

Com a transformação das terras em capital, pela sua venda, associado ao crescimento populacional, tornou-se necessária a adoção de novas formas de produção. Chegava assim a era industrial (ou revolução industrial) onde os detentores do capital determinavam o rumo da produção. Esta era dividiu a sociedade entre os Capitalistas e o Proletariado, tendo dado origem às classes sociais como as conhecemos hoje.

Conhecemos nesta era a criação de um modelo de educação que focava a sua atuação na capacitação de competências técnicas e de repetição e, portanto, quando mais “igual” melhor. 

3ª grande era – Era da informação (séc. 21, pós 2007)

Após a chegada do mundo conectado (primeiro via smartphones e agora via internet de tudo – IoE, Internet of Everything) a era mudou para uma nova realidade onde a fonte de poder é a informação e mais do que mera informação a sua capacidade em transformá-la em conhecimento, acrescento eu, aplicável. 

Vivemos a terceira era, que corresponde à quarta revolução industrial, na qual não é mais a terra ou o capital que determinam a realidade e o curso da história. Hoje o poder está no conhecimento e na velocidade de acesso e atualização do mesmo. E esta era está dividindo a sociedade nas espécies. 

Assistiremos no futuro a diversas espécies classificadas pela sua capacidade de acessar e utilizar a informação. Harari fala na era singular, ou algorítmica onde cada um será naturalmente diferente do outro. Nesta nova realidade entram em cena novas e diferentes habilidades que até agora estariam em segundo, e talvez até em nenhum, plano na agenda educacional.

O Fórum Econômico Mundial (WEF, World Economic Forum) publicou em 2015 a lista das 10 principais habilidades para os profissionais do futuro em 2020. Eram elas:

Em 2018 o WEF atualizou o outlook de habilidades atualizadas que assumiram a seguinte lista:

Habilidades crescentes

  1. Pensamento analítico e inovador

  2. Aprendizagem ativa e estratégias de aprendizagem

  3. Criatividade, originalidade e iniciativa

  4. Design e programação de tecnologia

  5. Pensamento crítico e analítico

  6. Resolução de problemas complexos

  7. Liderança e influência social

  8. Inteligência emocional

  9. Raciocínio, resolução de problemas e ideação

  10. Análise e avaliação de sistemas

Habilidades decrescentes

  1. Destreza manual, resistência e precisão

  2. Habilidades de memória, verbal, auditiva e espacial

  3. Gestão de recursos financeiros e materiais

  4. Instalação e manutenção de tecnologia

  5. Leitura, escrita, matemática e escuta ativa

  6. Gestão de pessoal

  7. Controle de qualidade e conscientização de segurança

  8. Coordenação e gestão do tempo

  9. Habilidades visuais, auditivas e de fala

  10. Uso, monitoramento e controle de tecnologia

Fica notória a conclusão de que, como pessoas, famílias e sociedade, precisamos fazer uma nova abordagem educativa e de desenvolvimento, focada mais na capacidade de pensamento e menos na execução, deixando as máquinas executar aquilo que outrora era função dos seres humanos. Nessa equação humano vs. digital o pêndulo mudará a favor daqueles que conseguirem o equilíbrio entre pensamento e execução, produzindo conhecimento aplicável, extraído da informação disponível.

Comece bem 2020 pensando seriamente nisso e no que você vai fazer na sua vida que vai te ajudar a lidar com esse novo e empolgante desafio. Novos cursos? Viagens? Comprar tecnologias para fazer experimentos? Sim, fazer é preciso. Porque apenas abater-se não adianta nada.

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Colunista

Colunista Luís Rasquilha

Luís Rasquilha

CEO da Inova TrendsInnovation Ecosystem e professor da Fundação Dom Cabral (FDC), Hospital Albert Einstein e Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).

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