fb

Cibersegurança

3 min de leitura

O que o setor elétrico pode aprender sobre segurança com o apagão brasileiro?

O acontecimento do último agosto que deixou a maioria dos estados brasileiros sem energia elétrica por poucos minutos serviu como uma lição e um alerta. Setores críticos da sociedade estão na mira de cibercriminosos, e um ataque bem executado pode ser catastrófico

Allan Costa

05 de Outubro

Compartilhar:
Artigo O que o setor elétrico pode aprender sobre segurança com o apagão brasileiro?

No mês de agosto, um apagão de grandes proporções deixou a maioria dos estados brasileiros sem energia elétrica por alguns minutos. As investigações seguem em andamento, mas a hipótese melhor aceita até o momento é de que o que ocorreu foi uma sobrecarga no fornecimento do Ceará, que atingiu as demais regiões do País. Ainda que por um curto período, houve repercussões negativas – o setor do varejo, por exemplo, registrou uma queda de quase 5%. Além disso, à medida que a luz demorava para voltar, cresceu o alerta para lugares como hospitais e frigoríficos, onde a energia elétrica é imprescindível.

Vermos um País inteiro ficando sem energia e precisando interromper boa parte de suas atividades por um erro, ao que tudo indica, relativamente bobo, deixa ainda mais notória a necessidade urgente de implementar soluções efetivas de segurança cibernética. Vale pensarmos: e se fosse um ataque orquestrado, feito para durar muito mais do que apenas alguns minutos?

O movimento de digitalização de todos os ramos de negócios traz inúmeros benefícios, mas infelizmente também cria um cenário perfeito para o aumento de ataques. E as infraestruturas críticas, como cidades ou órgãos governamentais, apresentam-se como alvos dos mais atrativos: aqui, paralisar as atividades simplesmente não é uma opção, e isso faz com que os valores de resgate dos dados sejam milionários.

Os criminosos estão cientes disso. Isso nos ajuda a explicar um dado da Kaspersky que aponta para um crescimento de 41% no número de ataques cibernéticos contra empresas de energia na América Latina. Alvos não faltam – grandes empresas, indústrias, ou mesmo estados-nações – e nem motivações – roubo de dados, espionagem, política. O conflito ainda persistente entre Rússia e Ucrânia está aí para nos lembrar de como os ataques cibernéticos se tornaram valiosos membros dos arsenais de guerra.

É importante dizer que medidas estão sendo tomadas. Desde o início de 2023, empresas brasileiras têm passado por regulações impostas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para a prevenção de ataques hacker. Mas ainda é preciso fazer muito mais. Especialmente em setores de alta criticidade, nos quais o interrompimento de atividades afeta profundamente a vida das pessoas, a segurança cibernética precisa ser vista como um investimento, e não um custo.

Sistemas de gerenciamento de identidade e acesso são um dos caminhos. Por meio deles, o controle de quem pode acessar os dados (e quais dos dados) é simplificado, ao mesmo tempo em que mantém os criminosos afastados. Também é necessário pensar na resposta para a pergunta “e se acontecer comigo?”, com planos de resposta e gerenciamento de crise bem definidos e implementados.

E, claro, precisamos olhar para o fator humano, que como bem sabemos, segue sendo problemático. Um relatório publicado pela X-Force Threat Intelligence mostra que ataques de phishing e ransomwares são dois dos principais vetores que originam ataques cibernéticos no setor de energia. Campanhas de conscientização e treinamento precisam ser constantes. Imaginar que uma cidade inteira possa ficar sem energia porque uma pessoa desavisada clicou onde não deveria parece difícil de acreditar, mas é possível, e precisamos estar preparados.

Mais do que qualquer outra coisa, o último apagão brasileiro serve como uma lição – setores críticos da nossa sociedade estão na mira de cibercriminosos, e um ataque bem executado pode ser catastrófico. O episódio tratou-se de uma raríssima oportunidade em que pudemos ver o tamanho do potencial estrago sem que ele de fato acontecesse, então não há motivos para não começarmos o trabalho de prevenção já.

Compartilhar:

Autoria

Allan Costa

Allan Costa é vice-presidente da ISH Tecnologia.

Artigos relacionados

Imagem de capa O que o setor elétrico pode aprender sobre segurança com o apagão brasileiro?

Cibersegurança

05 Outubro | 2023

O que o setor elétrico pode aprender sobre segurança com o apagão brasileiro?

O acontecimento do último agosto que deixou a maioria dos estados brasileiros sem energia elétrica por poucos minutos serviu como uma lição e um alerta. Setores críticos da sociedade estão na mira de cibercriminosos, e um ataque bem executado pode ser catastrófico

Allan Costa

3 min de leitura

Imagem de capa Cibersegurança: escassez de profissionais coloca empresas em risco

Cibersegurança

14 Junho | 2023

Cibersegurança: escassez de profissionais coloca empresas em risco

As organizações devem contratar colaboradores que saibam conduzir, ou no mínimo conheçam, os crimes cibernéticos mais comuns. Elencamos os cinco ciberataques mais recorrentes que as equipes de TI enfrentam no dia a dia

Josué Luz

7 min de leitura

Imagem de capa Boas práticas de cibersegurança ajudam a evitar (ou gerir) crises institucionais

Cibersegurança

08 Junho | 2023

Boas práticas de cibersegurança ajudam a evitar (ou gerir) crises institucionais

É melhor prevenir do que lidar com as consequências de uma crise. As empresas devem adotar melhores posturas e soluções de cibersegurança e promover o treinamento de colaboradores sobre as melhores práticas de governança cibernética

Claudio Baumann

3 min de leitura

Imagem de capa Aplicação nativa em nuvem é tendência que já chegou

Cibersegurança

18 Outubro | 2022

Aplicação nativa em nuvem é tendência que já chegou

Quando entendemos que o futuro pertence àqueles que se prepararam, vemos que "Cloud Native" é o futuro das aplicações

João Fabio de Valentin

6 min de leitura

Imagem de capa Automação: solução para escassez de mão de obra em OT e IoT

Cibersegurança

01 Agosto | 2022

Automação: solução para escassez de mão de obra em OT e IoT

Faltam profissionais capacitados, sobram ameaças à cibersegurança. Mas os serviços de segurança gerenciados (MSSP) melhoram o cenário

Nycholas Szucko

3 min de leitura

Imagem de capa Construindo resiliência cibernética antes do próximo ataque ocorrer

Cibersegurança

11 Julho | 2022

Construindo resiliência cibernética antes do próximo ataque ocorrer

As empresas mais bem sucedidas em responder a ataques cibernéticos somam liderança distribuída, experiência em lidar com crises e comunicação consistente

Manuel Hepfer, Thomas B. Lawrence, Julian Meyrick e Pompeo D'Urso

9 min de leitura