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Sustentabilidade

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Relatório ESG: padronizar é preciso

A padronização dos critérios de sustentabilidade se mostra necessária nas empresas e nos ecossistemas de negócios; para os CFOs, medir, comparar e regular as ações de ESG ajuda a prevenir e mitigar riscos corporativos

Colunista Paulo Mendes

Paulo Mendes

24 de Novembro

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Artigo Relatório ESG: padronizar é preciso

A agenda ESG está entre os trending topics de 2021 de todo CFO, à medida que gestores entendem as práticas socioambientais e de governança como essenciais para prever e mitigar riscos corporativos. Contudo, a pergunta que ecoa na cabeça de grande parte dos executivos de finanças é como medir, comparar e, principalmente, como padronizar com independência o relatório sobre os temas de ESG.

Esse questionamento não está na lista dos mais fáceis de resolver, principalmente se observarmos que, atualmente, há inúmeras diretrizes de relatórios ESG. Além disso, diante das diferentes possibilidades, a busca por métricas mais alinhadas aos objetivos de negócios acontece em meio a debates mundiais sobre os desafios de implementar uma economia de baixo carbono, como ficou comprovado durante a COP26, realizada este mês na Escócia.

O tema é tão importante que, durante o Fórum Econômico Mundial, realizado em janeiro de 2021, por exemplo, mais de 50 líderes empresariais internacionais anunciaram que suas companhias gostariam de refletir um conjunto de métricas ESG para seus públicos de interesse.

No entanto, por que a padronização é importante? A resposta é simples: ela é necessária para que seja possível determinar o progresso de forma segura ou ter uma base de comparação dos impactos das iniciativas de sustentabilidade desenvolvidas por empresas em diferentes países e segmentos de atuação.

Também não podemos deixar de considerar que métricas padronizadas são essenciais para que os investidores consigam avaliar diferentes organizações com critérios de ratings ESG contidos nos relatórios, para tomada de decisão. Indicadores mais uniformes também são um aliado importante para que as empresas não caiam na tentação de praticar o greenwashing, que nada mais é do que promover um discurso ‘verde’ sem sustentação prática.

Padronização

A necessidade de comparação entre diferentes modelos de relatório não chega a ser uma novidade. Não faz muito tempo, a partir de 2005, o mercado brasileiro viveu um processo importante de padronização contábil com o IFRS (International Financial Reporting Standards), conjunto de normas internacionais de contabilidade emitidas pelo IASB (International Accounting Standards Board).

Antes da padronização, as empresas com ações em bolsas estrangeiras precisavam elaborar duas demonstrações contábeis: uma conforme as normas locais e outra de acordo com as regras internacionais, o que gerava retrabalho e falta de comparabilidade entre diferentes países. Embora com desafios, a padronização contribuiu para reduzir a complexidade dos relatórios e deu mais transparência às transações contábeis e maior eficiência às demonstrações.

Não por acaso, a IFRS Foundation anunciou, durante a COP26, a formação de um Comitê Internacional de Parâmetros de Sustentabilidade (ISSB, na sigla em inglês), com o objetivo de desenvolver uma base global para os mercados financeiros globais.

A notícia vem em boa hora, pois um dos maiores benefícios da padronização das demonstrações contábeis foi permitir que a avaliação do valor das empresas (valuation) fosse mais clara e ganhasse credibilidade, o que foi uma alavanca ao mercado de capitais e crédito como vemos hoje em dia. Ainda, isso traz a necessidade de regulação, pilar fundamental do “G” do ESG.

Conforme as empresas avançam em suas práticas ESG, mais urgente e necessária torna-se a padronização. É uma tarefa grande, e por isso deve ser tratada como prioridade. Vale o desafio!

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Autoria

Colunista Paulo Mendes

Paulo Mendes

É vice-presidente global de finanças e CCO da área de customer success da SAP Brasil. Com formação em administração de empresas pela EAESP/FGV, é mestre em economia pelo Insper e especialista em gestão, inovação e tecnologia pelo MIT Sloan School of Management, além de membro da diretoria executiva do IBEF-SP e conselheiro da Bluefields Aceleradora. Foi eleito pelos pares como “top 20 CFO – Anuário Análise” em 2018, 2019 e 2020.

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