Lideranças, IA e a síndrome de Benjamin Button
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Em uma era marcada por rápidos avanços tecnológicos e novas dinâmicas nas culturas de trabalho, a capacidade das equipes de definir, perseguir e alcançar metas corporativas de forma colaborativa tornou-se mais crítica do que nunca. Essa evolução reflete uma compreensão mais profunda da importância do esforço coletivo e de uma visão compartilhada para se alcançar o sucesso.
Munidos dos tradicionais métodos de definição de metas, como a metodologia Smart (do acrônimo em inglês, específico, mensurável, atingível, relevante e temporal), as equipes tendem a definir objetivos baseados na intuição e experiência e, por vezes, de forma isolada. Tais métodos, que dependem de práticas estabelecidas e da expertise individual, têm seus méritos, mas podem carecer do dinamismo e da energia colaborativa necessários para fazer frente ao ambiente acelerado de hoje em dia.
Já na abordagem dos OKRs (da sigla em inglês, objetivos e resultados-chave), a ambição encontra a precisão. Nela, as equipes definem objetivos claros e mensuráveis, alinhados com as metas organizacionais, fomentando uma cultura de responsabilidade e esforço coletivo. Estabelecem também etapas quantificáveis para acompanhar e alcançar os referidos objetivos.
A metodologia OKR, que foi aclamada inicialmente no mundo da tecnologia, tornou-se um pilar de planejamento estratégico em várias indústrias devido à sua potente sinergia entre aspirações individuais e de equipe com objetivos organizacionais mais amplos. A seguir, confira algumas de suas características e benefícios que oferece:
OKRs se destacam por seu foco em definir metas claras, mensuráveis e alcançáveis.
Permitem que equipes não apenas visualizem o sucesso, mas também tracem um caminho prático para alcançá-lo.
Por meio do estabelecimento de resultados específicos e quantificáveis e da adoção de revisões regulares de progresso, OKRs promovem uma cultura de responsabilidade e adaptabilidade.
A metodologia é particularmente adequada às demandas do ambiente de negócios acelerado de hoje, no qual a agilidade e o alinhamento preciso de metas são determinantes críticos de sucesso.
1. OBJETIVOS: Tudo começa com a definição de objetivos, que devem ser relevantes, orientados para a ação, inspiradores e, sobretudo, estar estrategicamente alinhados com a visão da organização.
2. RESULTADOS-CHAVE: Os resultados-chave devem ser específicos e mensuráveis, pois sua função é acompanhar o atingimento dos objetivos e avaliá-los. Precisam também ser quantificáveis, ambiciosos, sem deixar de ser alcançáveis e devem ter impacto direto sobre o sucesso do objetivo. Por exemplo, se uma meta organizacional é melhorar a satisfação do cliente, os resultados-chave podem incluir alvos como reduzir os tempos de resposta em 30% e alcançar uma taxa de feedback positivo de 90%.
3. RESULTADOS-CHAVE DA EQUIPE: No nível da equipe, o processo começa estabelecendo objetivos inspiradores e que, de forma colaborativa, apoiem e amplifiquem os objetivos mais amplos da organização. Por exemplo, a equipe de experiência do usuário de uma empresa de tecnologia pode ter como objetivo "aprimorar a interface do produto principal da organização para revolucionar a experiência do usuário." Para cada objetivo de equipe, é fundamental identificar de dois a cinco resultados-chave, que devem ser elaborados de forma que sejam específicos, mensuráveis e temporais e funcionem como marcos tangíveis para monitorar o progresso. Por exemplo: "aumentar o engajamento do usuário em 30% no próximo trimestre." Essa abordagem delineia um caminho preciso para os esforços conjuntos da equipe, mas difere das metas organizacionais mais amplas, que podem abranger um escopo maior e cronogramas mais longos.
4. RESULTADOS-CHAVE INDIVIDUAIS: Os objetivos e resultados-chave individuais só são definidos depois de estabelecidos os da equipe, a fim de que estejam em harmonia com ambos. Esse alinhamento atrela as contribuições de cada um ao sucesso coletivo, em uma direção unificada e uma abordagem transparente, colaborativa e estratégica para a definição de metas.
1. ALINHAMENTOS COM OKRS DA EQUIPE: Garantir que as metas individuais contribuam significativamente para os objetivos coletivos envolve integrar os objetivos e as aspirações de cada profissional com os OKRs da equipe. Por exemplo, alinhar a paixão de um membro da equipe por design com o objetivo mais amplo de aprimorar a experiência do usuário garante que os esforços individuais estejam profundamente integrados aos objetivos coletivos. Esse alinhamento promove um poderoso senso de unidade e propósito compartilhado, garantindo que todos estejam trabalhando em direção aos mesmos objetivos finais, de maneira coesa e coordenada.
As etapas finais da metodologia envolvem a implementação de ciclos regulares de revisão e adaptação dos OKRs, além do cultivo de uma cultura de transparência e melhoria contínua.
As avaliações regulares, com periodicidade quinzenal ou mensal, são cruciais para monitorar o progresso e endereçar eventuais desafios. Essas revisões devem medir não apenas os resultados-chave, mas também avaliar continuamente a pertinência dos objetivos, permitindo ajustes necessários em resposta a novos insights ou a mudanças nas condições de mercado.
Promover um ambiente de comunicação aberta sobre progressos, desafios e percepções incentiva uma cultura de aprendizado e crescimento na equipe e na organização.
Cada ciclo de revisão é também uma oportunidade para celebrar conquistar, analisar retrocessos e refinar estratégias de definição de metas. Dessa forma, o método assegura que a equipe esteja em constante evolução, adaptação e aprimoramento, acompanhando o dinamismo do ambiente empresarial e incentivando o crescimento e a adaptação contínua.
Os OKRs oferecem uma abordagem mais estruturada e adaptativa do que a definição de metas tradicional. Eles exigem uma mudança de mentalidade: do trabalho em silos para a promoção de uma cultura de transparência e de propósito compartilhado.
Ainda que, à primeira vista, possa ser desafiador implementar a metolodogia, os OKRs tendem a promover maior alinhamento dentro das equipes e, como consequência, gerar resultados mais significativos.
A adoção dos OKRs influenciará não somente como as equipes estabelecem suas metas, mas também a forma como se adaptam e enfrentam os desafios e oportunidades de um ambiente de negócios que está em constante evolução.
Benjamin Laker é professor de liderança na Henley Business School da University of Reading.
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