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O envelhecer e a inteligência artificial

Em vez de baixar um app divertido com IA, mas que pode ter um efeito perverso, faça um “app experimental” que pode te ajudar a evoluir profissional e pessoalmente

Colunista Nina Silva

Nina Silva

01 de Novembro

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Artigo O envelhecer e a inteligência artificial

Você baixou um aplicativo de envelhecimento de foto em tempos recentes? Se não, com certeza se divertiu com as fotos de amigas e amigos que se engajaram no #desafiodoFaceApp. 

O FaceApp, que produz transformações faciais realistas – usando filtros que acrescentam sorrisos a fotos, alteram rostos para deixá-los mais velhos ou novos, ou ainda para transformá-los em “masculinos” ou “femininos” – surgiu no mercado em 2017 e chegou ao 1º lugar entre os baixados nas lojas AppleStore e Google Play em julho deste ano, desbancando serviços como Whatsapp, Facebook, YouTube e Instagram.

Ainda que a onda tenha esfriado um pouco, ela não desapareceu. Você sabe o que o FaceApp tem a ver com a inteligência artificial? E com autoaceitação?  

Que esses apps são  uma manobra para alimentar os robôs do Facebook com dados de localização e reconhecimento facial, tudo em nome de treinar a inteligência artificial, isso já foi bastante comentado. É assim que as máquinas estão aprendendo cada vez mais rápido sobre nosso presente – e sobre nosso futuro – com a nossa autorização.

O que é bem menos falado é o potencial efeito perverso do uso abusivo de reconhecimento facial. Nem me refiro às questões de privacidade, embora essas sejam importantes. Essa “brincadeira” pode ter efeitos indesejáveis sobre a autoaceitação de cada um de nós.

Melhor seria termos um aplicativo de viagem no tempo  manual, “acústico”, que nos comparasse a nós mesmos e a pessoas cujos comportamentos admiramos. Por exemplo, nesse app manual, eu teria sido uma Shuri [personagem do filme Black Panther] na juventude, por ter desbravado a tecnologia mesmo tendo bem menos “brinquedinhos” a mão. E, na maturidade, seria como a Oprah Winfrey, uma vez que propósito, talento e legado seriam algumas das palavras a me definir.

Assim como houve o #desafiodoFaceApp, proponho, então, o #desafiodaNina: Quais são suas referências de pessoas mais jovens e mais maduras, pensando em role models?  Como muitos aqui sabem, role model é uma expressão frequente no mundo corporativo, usada para descrever pessoas que nos inspiram, nos orientam como mentoras ou cujos passos desejamos seguir. Pessoas que podem servir como espelho para o nosso comportamento.

Esse “app” manual é muito mais útil para todos nós. Sabe por quê? Porque está comprovado que, para avançar em cargos de liderança ou alavancar empreendimentos, todas as pessoas precisam de espelhos, algo que foi negado a muita gente – sobretudo às mulheres e aos negros – ao longo da história. Nossos referenciais são masculinos e brancos. Precisamos mudar isso e um modo de fazê-lo é com esse pensamento digital.

Independentemente de role models, antes de baixar qualquer app para treinar IA, pense em aceitar meu convite: olhe para como você mesmo era há alguns anos, enxergando o que construiu e aprendeu até o momento. E imagine como você será daqui a um certo tempo, sem pensar nas rugas, mas focando as muitas histórias que terá para contar. Esse é o verdadeiro desafio.

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Autoria

Colunista Nina Silva

Nina Silva

É executiva de TI há mais de 17 anos, uma das 100 pessoas afrodescendentes com menos de 40 anos mais influentes do mundo e sócia-fundadora do Movimento Black Money.

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